Mês das Misericórdias
Misericórdia: A expressão tem origem latina, e é formada pela junção de miserere (ter compaixão)
e cordis (coração). Significa ter capacidade de sentir dor pela dificuldade do outro e
apressar-se em socorrê-lo. Neste ano de 2016, que é o ano santo da misericórdia, alertamos
para a nossa situação de desamparo.
Impulsionadas pela data de 15 de agosto, instituída como o Dia das Misericórdias no Brasil, as
245 Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Rio Grande do Sul, querem chamar atenção da
população e pedir misericórdia aos gestores do SUS.
As seculares instituições de saúde que atendem mais de 70% da demanda do Sistema Único
do Rio Grande do Sul, que atuam com beneficência, qualidade e atenção aos que mais necessitam,
está em colapso. Além das vidas que cuidamos quando a saúde não vai bem, queremos
chamar atenção para os mais de 65 mil trabalhadores que estão ligados aos nossos
hospitais. Sem esses hospitais, quantas famílias ficariam desamparadas?
As estruturas dos hospitais vêm reduzindo gradativamente e queremos expor o porquê
dessa situação. Você sabia que hoje uma Consulta Simples para um adulto custa para os
hospitais R$ 42,00 e o Governo Federal repassa apenas R$ 13,00? Uma conta que não fecha!
Não bastasse essa diferença imensa, ano a ano os recursos vêm diminuindo e a demanda
aumentando. Uma conta que nem o melhor matemático do mundo ou o melhor gestor consegue
organizar.
Misericórdia e solidariedade ao próximo é o que encontramos diariamente nesses hospitais.
Os salários estão atrasados e mesmo assim o atendimento é prestado. A saúde é o mais
importante. Mas não há como fechar os olhos para este cenário assustador. No Rio Grande do
Sul, as Santas Casas de Misericórdia já acumulam dívidas que alcançam R$ 1,4 bilhões. Sem
crédito, sem medicamentos, sem profissionais. E o pior, sem perspectivas.
Aqui no Estado também sofremos com cortes de recursos, falta de calendário de pagamentos
- assim como funcionários do Estado, os hospitais recebem parcelado, e acredite, estamos
há meses sem receber por alguns serviços que prestamos – onde anda a misericórdia
dos gestores com a saúde pública do Estado. Não podemos e não devemos perder mais
vidas pelo descaso. A saúde não vem sendo tratada com a prioridade que merece e especialmente,
que precisa.
Ninguém melhor que o usuário do Sistema Único de Saúde para abraçar essa causa juntos
com hospitais e seus trabalhadores. Se você que precisa do hospital do seu município não
exigir o respeito dos Gestores Políticos, as nossas vozes não ficam completas.
Sensibilidade, atenção, respeito e misericórdia com quem é responsável pelo atendimento
hospitalar do gaúcho deve ser o lema na prática, não apenas na teoria.
No mês das Misericórdias o nosso pedido ao Governador José Ivo Sartori e ao Presidente
Michel Temer: MISERICÓRDIA COM AS SANTAS CASAS! Até quando os olhos de nossos
governantes estarão fechados para nós? Até quando?